quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O gueto sangra — Gutemberg escreve sobre o maior massacre do Rio

 


MASSACRE.


Por Gutemberg F. Loki.


Quem pode fechar os olhos

Para um banho de sangue vergonhoso?

Até quando vão achar que na favela

Só tem criminoso?


Problemas sociais existem

Todo mundo sabe, todo mundo fala,

Mas é burrice querer acreditar

Que tudo vai se resolver na bala


Morreram mais de 60

Foi o que passou na televisão,

Moradores trouxeram mais corpos

Passaram de 100, pega a visão


Foi massacre no Complexo da Penha

Foi massacre no Complexo do Alemão 

Governador,  o sangue dessas mortes 

Não sairá nunca da sua mão


Quem pode fechar os olhos 

Para um banho de sangue vergonhoso?

Na verdade, o Estado é o culpado

Pelo Rio ser tão perigoso


Problemas sociais existem 

Todo mundo sabe,  todo mundo fala,

Mas é burrice querer acreditar 

Que tudo vai se resolver na bala


Morreram mais de 60

Foi o que passou na televisão, 

Moradores trouxeram mais corpos

Passaram de 100, pega a visão


Foi massacre no Complexo da Penha 

Foi massacre no Complexo do Alemão 

Governador,  o sangue dessas mortes

Não sairá nunca da sua mão!


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Título: Século Sinistro

Técnica: Óleo sobre tela

Dimensões: 60 x 80 cm

Artista: Diego El Khouri



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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Impressos de Guerrilha: A Revolução das Editoras Alternativas

 



Nessa quarta tem uma charla bate-papo super especial sobre editoras independentes, alternativas e artesanais. Lá no espaço da @feiraunila no Jd. Universitário (Foz do Iguaçu-PR)

, a partir das 17:30h com os seguintes convidados: 

Franco Tomas Vergara Tapia (Chile)

Educador Popular, Gestor Cultural e Bibliotecólogo Comunitário. Fundador del Proyecto Casa Editorial Las Maravillas con Los Pensamientos. Ha ofrecido talleres de construcción de acervo para bibliotecas comunitarias, laboratorios de encuadernación y educación popular. Productor de eventos, actividades y talleres en el Punto de Cultura "Centro Cultural Surco" y Biblioteca Comunitaria "Capitán Nemo". Co-gestor de la Articulación de Ollas Comunitarias de Viña del Mar. Diplomado en "Educación Popular y Pedagogías Emancipatorias en Chile y Latinoamérica". Actualmente cursa Cine y Audiovisual en UNILA y es parte del Colectivo Fotográfico "Quem Faz Foz?". https://www.instagram.com/libros_libres_cemp/

Fabio da Silva Barbosa (Brasil)

Escritor, zineiro, jornalista, poeta, educador social. Além de vários livros lançados em diversas editoras independentes nacionais ele é o criador e responsável pelo zine Reboco Caído que circula há mais de dez anos. Já participou da criação de programas de rádio como o Hora Macabra e o Aleluia Nunca Mais. Além das inúmeras realizações em sua trajetória pessoal, também atuou em parcerias que deram frutos significativos. Com Eduardo Marinho criou o zine Pençá e o Vídeo Garagem. Com Luiz Henrique o projeto Comunidade Editoria e com Alexandre Mendes o jornal Impresso das Comunidades. Com Diego El Khouri criou a Editora Merda na Mão, o projeto de Noise Experimental Performático Poético chamado War Brain e o quadrinho Filósofo da Maconha.
https://www.instagram.com/editoramerdanamao/

Gastón Cosentino (Argentina)

Professor da Unila e coordenador del proyeto de traducción colaborativa y edición artesanal Paqueletra (palavra que leva e traz).

Mano Zeu (Brasil)

DJ, escritor, poeta e agitador cultural em Foz do Iguaçu. Faz parte do coletivo No Hay Frontera, Estúdio Comunitário ECO e editora Kapivara Kartonera. https://www.instagram.com/kapivarakartonera/

terça-feira, 28 de outubro de 2025

TEIMOSIA

  Por Sérgio Vaz


Não adianta
quebrarem minhas pernas,
furar meus olhos
ou falar pelas costas.
O que sustenta meu corpo
são as minhas ideias.
Braços descruzados,
tenho um cérebro com asas
e sou todo coração.
Se me proibirem de andar sobre a água,
nado sobre a terra.

domingo, 26 de outubro de 2025

Aspirinas

 Por Carla  Diacov


vou ao banheiro
me sinto estranha
verifico minhas veias minhas varrições
me sinto envergonhada
abro a torneira
meto um copo pelo aguaceiro
tomo três aspirinas
sou a mulher do filme sueco
pois que ninguém repete esse gesto no brasil
estou lá
com aspirinas pelo encanamento central
não importa a cor do banheiro
tudo é de um sempre azul esverdeado
não importa a hora
tudo é de um sempre vazio ecoando gentes
imagens para fora do evento banheiro
auto estrada sul gambás com asas
ratoeiras e cachimbo no andar de cima
gentes
me sinto acabrunhada ainda
assim a mania é lustrar o ponto pisado
com a meia cheia de patinhos
com a meia cheia de nada
nunca o par correto e me sinto atarantada
toda a janela do banheiro
toda a cortina com argolas
todas
os raios de todas as setas do ralo
os raios todo raio que vai dar em gentes
o banheiro é matemático demais para
uma idiota mal escovada
estou sonhando
resmungo estou sonhando
quero acordar que nem criança mijada
envergonhada
não estou sonhando
minhas veias estão em acordo
com o tom da nota no jornal
FUNCIONÁRIA DE LANCHONETE FAMOSA
ESFREGA O PÊNIS NO GERGELIM
E URINA NA FRITADEIRA APÓS O COMA
DE 41 ANOS
sou a sueca das aspirinas
resmungo estar meditando
é isso
resmungo estar meditando gentes
pilhas de gentes no cesto de roupas sujas

§

sábado, 25 de outubro de 2025

Kapivara Kartonera & Editora Merda na Mão: desobediência literária na feira da UNILA (Foz do Iguaçu)

 Kapivara Kartonera & Editora Merda na Mão dividindo banquinha na Feirinha Agroecológica e Cultural da UNILA — onde o cheiro de papelão se mistura com o de pão de fermentação lenta, bambu, macramê e resistência.

Toda quarta no Campus Jardim Universitário e toda quinta no Campus Integração, Foz do Iguaçu.
Entrada livre, pensamento também. 🌱📚💩

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No YoUtUbEdIgEsTiVo:


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"A Feira Agroecológica e Cultural da Universidade Federal da Integração Latino‑Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu (PR), é um evento semanal que combina alimentação agroecológica, artesanato, cultura latino-americana e trocas sociais. 

Ocorre nas quartas-feiras, a partir das 16h no Campus Jardim Universitário, e nas quintas-feiras no Campus Integração. 

A feira reúne produtos agroecológicos e orgânicos (frutas, legumes, hortaliças), alimentos preparados (ex: arepas, choripán, lasanha com broto de bambu) e artesanato (serigrafia, macramê, crochê, sabonetes, cadernos artesanais) de produtores e feirantes de várias nacionalidades (Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Venezuela). 

Além da venda de produtos, a feira se propõe a ser um espaço de trocas e encontros: promove rodas de conversa, oficinas, atrações culturais (música, teatro, cinema) e práticas de economia solidária. 

Em 2025, a feira foi formalmente instituída como “ação estratégica” da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da UNILA, com o objetivo de fomentar práticas agroecológicas, economia solidária, alimentação saudável e integração entre universidade e comunidade."


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@kapivarakartonera



@editoramerdanamao





sexta-feira, 24 de outubro de 2025

92 anos de Goiânia: o centro, o tédio, a caretice e o poema que insiste em existir


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POEMAS de Gyn parte III


 Por: Valdir Alternativo


Se pudesse, fugiria 

para o centro da cidade 

e fazia revolução 


mas a exemplo 

dos poetas desgraçados 

GOIÂNIA não tem perdão 


sucumbiu à imoralidade 

de seus prédios gigantescos

as ruas ficam mais caras

o futuro sem começo 


Escrever é o que resta,

posto que a poesia

é a última das forças 


Não existe mais chorinho 

Não existe mais batalha 

Nem a gameleira do centro 

Só o som dos canalhas 


Tá proibido cantar

Tá proibido resistir 

Tá proibido fechar a rua

Tá proibido proibir 


Só resta ter esperança 

na grama artificial 

homenagear Anhanguera 

e a enchente da Marginal.


- Valdir Alternativo


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No YoUtUbEdIgEsTiVo:





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O Centro de Goiânia registrado por Diego El Khouri em fotos tiradas no ano de 2017:




Poema “Outubro ou nada (Fragmentos Capitais)”, de Pio Vargas, em homenagem a Goiânia no blog cultural MOLHO LIVRE:


"Pio Vargas (1964–1991) foi um poeta goiano nascido em Iporá e figura marcante da cena literária de Goiânia nos anos 1980. Autor de livros como Janelas do Espontâneo e Anatomia do Gesto, uniu lirismo, ironia e existencialismo com influência da geração beat. Viveu intensamente a experimentação e era, antes de tudo, um leitor voraz. Morreu jovem, aos 26 anos, de forma trágica. O ruim é ver em Goiânia tanto poeta preguiçoso seguidor de Pio, sem compreender a inquietação e o rigor que moviam sua escrita."

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

O poeta sangra versos: Edu Planchêz Maçã Silattian na Editora Merda na Mão

 

explodindo, largando luas e ruas,
nas casas, nas caras,
nos atalhos,
eu que arrasto nas rodas
das boca
a boca de Allen ginsberg
e sua língua de fogo louco,
e seus dentes de diamantes,
e seu pau coberto de sementes
de ganja
a minha carapaça de céu
cobre as telhas,
os móveis da sala,
sou poeta visceral,
cria da foda, do fungo
e da punheta

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Um poema macabro de Indy Sales — a sacerdotisa pagã das sombras

                                ***

               

Saem dos meus lábios macabros hinos,

Musicados pelos demoníacos sinos

Das malditas e arruinadas catedrais

Habitadas por demônios caprinos,

Ocultas nos meus abismos infernais.


Não carrego em mim o brando amor

Daqueles que habitam a claridade.

Mas há em mim um abrigo para a sua dor,

E o ardor oriundo das trevas e obscuridade.


Na minha dimensão sombria e fria,

Criaturas noturnas encontram guarida.

Ecoam em quartos e salas vazias,

As vozes dos que já deixaram a vida...



terça-feira, 21 de outubro de 2025

Já está disponível o livro "Ensaios do Invisível", de Alexandre Chakal

 


Sinopse:

Entre silêncios e fragmentos, “Ensaios do Invisível” reúne microcontos que nascem do cotidiano esquecido: gestos mínimos, objetos quebrados, memórias que resistem ao esquecimento. Alexandre Chakal escreve com traços curtos e incisivos, mas abre espaços para que o leitor complete as frestas com suas próprias inquietações. Um livro de contos curtos, que não se prende à lógica do visível, mas ao sopro invisível que acompanha cada vida.

Detalhes:

Formato: 14,8 x 21 cm
Capa: Fosco, SEM orelha
Páginas: 100
Impressão:  P/B (Papel Avena / Pólen)
Editora: Uiclap

Adquira o seu no link abaixo

https://loja.uiclap.com/titulo/ua124777/

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

HQ O FILÓSOFO DA MACONHA chega ao PLANET HEMP — um encontro entre tinta, fumaça e desobediência









 Ontem, missão cumprida: enfiei nas mãos do Marcelo D2  alguns exemplares da HQ O Filósofo da Maconha logo na saída do show do Planet Hemp  em Goiânia. Foi rápido, mas o suficiente pra entregar a dinamite canábica da Editora Meerda na Mão  direto pra banda mais maconheira do planeta.


🔥 A Última Ponta é o nome da turnê — e também o pavio aceso de uma era. Agora o Planet Hemp tem em seu acervo uma HQ chapada até o osso, cuspindo tinta, poesia e fumaça.


* O Filósofo da Maconha tem roteiro de Fabio da Silva Barbosa, desenhos de Diego El Khouri  e prefácio do  Edgar Franco Ciberpajé, publicada pela Editora Merda na Mão — editora independente com 5 anos de estrada, imprimindo contracultura, suor e alucinação nas páginas da arte brasileira.



 O planeta é todo hemp.

E que se fodam os fascistas e os conservadores que tremem quando encontram arte com coragem, raiva e alma!












sexta-feira, 17 de outubro de 2025

HERBERTO HELDER

 Por Edu Planchêz Maçã Silattian 


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um homem e seus poemas,

sua taba, sua oca,

seu iglu de poemas de majestosos carvalhos

e se eu fosse fernando pessoa,

e eu sou fernando pessoa,

a alma gemea dos vertiginosos trópicos

herberto elder,

eu, ele, eles…

homens mulheres nacionais intergaláticos

em nenhum espinho deixei as claras escuras

de minha fruta alma de lajotas árabes

no exercício malabare das alagadiças palavras

desfio a genialidade dos troncos ocos

que abrigam pássaros, ninhos de pássaros,

artistas pássaros

as unhas grandes cosmificam a carne dos dedos,

e eu compreendo que sei escrever,

que nos trilhos donde correm

minhas máquinas habitam observares

doutras abissais estrelas,

que são e não são essas estrelas

e eu tenho os muitos minutos dos fótuns,

das maiusculas e minúsculas partículas...dos fótuns,

e eu passei a completude do agora noite,

orando…

e eu oro porque sou a oração e o orar

sendo a oração e o orar, o olhar,

a reza parida

por nossas bocas do sutra do lótus,

dos triângulos que aqui chamo de pirâmides 

heregidas pelas mãos dos tropicalistas da paixão

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edu planchez pan maçã dylan silattian



* "Herberto Helder (1930–2015) foi um dos maiores poetas portugueses do século XX, conhecido por sua linguagem densa, visionária e profundamente experimental. Nascido no Funchal, na Ilha da Madeira, ele construiu uma obra marcada pela intensidade poética e pela recusa às convenções — tanto literárias quanto sociais.

✦ Trajetória

Viveu entre Portugal, Angola, Moçambique e outros países.

Trabalhou como jornalista, tradutor e revisor, mas sempre manteve uma vida discreta e avessa à exposição pública — recusava prêmios e entrevistas, preferindo o anonimato e o silêncio.

Sua escrita influenciou gerações de poetas e artistas pela radicalidade e pela força de invenção."

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Educar é ato de rebeldia

 Poema de Sérgio Vaz:



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“Parabéns aos professores — guerreiros da palavra, arquitetos da rebeldia, pedreiros da liberdade.”

* Nunca é tarde para parabenizar os professores *




segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Assalariados

 De frente a um espelho

que reflete as muralhas da vida

vou cortando minha face

com uma navalha, cuspindo sangria.


Sendo sangue e não saliva

o cuspe ergue edifícios

mesclando-se à fumaça

que vomita das fábricas.


Sendo sangue e não saliva

sendo noite e sendo dia

nas fábricas a Morte ilumina

a fila dos suicidas,

dos desamparados, dos operários

de frente a espelhos quebrados.


(Diego El Khouri — Goianira, 12 de Abril, 2009)


Postado originalmente nesse blog no ano de  2009: 


https://paranoiafreud.blogspot.com/2009/04/assalariados.html

domingo, 12 de outubro de 2025

Molho Livre: quinze anos acendendo ideias nas sarjetas do ciberespaço — um blog que respira desobediência e jamais pediu licença pra existir

 O blog cultural Molho Livre, criado pelo artista goiano Diego El Khouri, completa hoje, 12 de outubro de 2025, 15 anos de existência, resistência e contracultura na veia da arte independente — somando até hoje o número impressionante de 390.325 visualizações e 1.443 postagens, algo ainda mais surpreendente por ter sido criado por um artista tão outsider, movido pela força marginal da criação livre.




https://molholivre.blogspot.com/




sexta-feira, 10 de outubro de 2025

LASCAÇÃO

Por Fênix 33


É tanta lascação que já nem tem cú pra tomar

Arte que sangra e sai rasgando o caos doloroso

Dessa porra de novela mexicana 

Esquina crescida na disputa

Parece até maldição 

Propósito que è fogo

Antes vegetal do que revolucionária com ideal

Já disse e repito

No propósito eu não recuo nem um MILÍMETRO 

Eu te escuto oh 33

Tanta loucura tem um porque 

Abduzida pelo mistério

Na expansão da consciência ancestral 

Dias sem dar letra de poema

Tava suave a viagem 

Mas eu senti o vento mudar

Despejada proposital

Sempre o quero ter

E tu vai te fuder

Sem falar na praga do preconceito besta

Nessa estrada tinha tanto lobo mau

Que eu já não sou mais nenhuma chapeuzinho 

E não vou abaixar a cabeça pra nenhum filho da puta

Eu sei que essa lascação toda é tipo uma escalada

Deja vu do pico da montanha 

Brilhando mais que um cometa

A volta por cima

Aí sim eu diria 

Foi meritocracia 

Mas é tanta porrada e figura mascarada

Que eu já não tô nem aí 

Vou joga toda essa letra na arena

Vai te fuder oh sistema

Junto com a máfia da indústria farmacêutica 

Bagulho doido sequelado 

Era só uma cobaia imperfeita e tagarela 

Desperta Desperta

Que eu sou a adrenalina para os anestesiados

A revolta dos conformados

Aqui o sistema conheceu o significado da palavra resiliência 

E tanta resistência

É tudo um propósito 

4:20

Não é sobre dinheiro,  fama ou bens

É sobre escrever a história 

Destino é tão óbvio que eu  acho até graça 

Ahhhhh menina que cantava na janela

Que dizia pro 33 que se não pudesse viver de música preferia nem viver

Curiosamente só não estou morrendo quando estou cantando 

E o primeiro show vem se aproximando

E as forças conspiram 

Ah como conspiram 

Sem teto

Sem chão

E o sonho na mão

Organismo em outro nível 

Tipo um transe

Suportando tanta dor com honra

Mais consciente do que nunca, do peso da história 

E do tamanho do propósito 

Eu já mais que afirmei

Eternizei no flow meio rock in roll

Querem me calar 

Mas não vai rolar

E agora esse mal estar doido vai aliviar 

Porque a ARTE eu já fiz voar

E de lascação em lascação eu vou fazendo a escalação 

Imortalizando a missão e fazendo REVOLUÇÃO 


FÊNIX 33

  4:20

                 https://www.instagram.com/p/DPnEyz6jIQr/?igsh=MWhwZXh5MXVxNWJnaQ==




quinta-feira, 9 de outubro de 2025

ÁGUA NEGRA

 Por Lívia Natália 

Chove muito na cidade.
No asfalto betumoso um sangue transparente,
ora de um rubro desencarnado,
ora encardido de um cinza nebuloso,
é vomitado em cólicas
por toda a parte.
Das paredes duras vaza um mais escuro que,
imagino,
seja a água mordendo as estruturas.
A água é assim:
atiçada do céu,
infinita no mar,
nômade no chão pedregoso,
presa no fundo de um poço imenso:
a água devora tudo
com seus dentes intangíveis.