sábado, 23 de novembro de 2024

Em companhia da amargura

 Continua caminhada 

amarga como a praga

com tanto peso no coração

contemplando o caixão

enquanto acumula frustração

navegante da desilusão

seres desencantados

do reino desencanto

com um vasto repertório nas decepções

Não lhe restaram enganações 

para construir miragens estimulantes

Por uma criatura misantrópica

para todos aqueles que estão sempre caminhando ao lado do precipício

*Mesmo com tudo que isso inclui


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Feito para o momento

Comendo produtos enlatados

ou o que tem de mais barato no mercado

algo que fique pronto rápido e não demande sacrifícios

algo que não agrida a minha depressão

que dificulta movimentos naturais para muitos

ou que não danifique o tédio 

que impossibilita que desgrude 

meu fedor desagradável 

do leito fúnebre


Porque não promover uma alimentação saudável

que não esteja nas mãos dos que enriquecem com o câncer

entre outras doenças?

Porque não sou agricultor

Não tenho esta bela habilidade

Porque não tenho mais forças

Não consigo continuar

Porque meu sono é um horror

Minhas lágrimas denigrem minha carne

como ácido sulfúrico corroendo as camadas da epiderme 

Porque me debato contra a parede chapiscada

vendo o sangue tingir a pele esfolada

sem acreditar em nada belo ou santo

sem perceber nada que venha de bom no termo humano

como bolas de tumor vendidas no espetinho

de uma praça florida

cheia de famílias felizes

que não percebem a desintegração de uma mentira cuidadosamente elaborada

pelos malditos seres inescrupulosos

que comem vísceras de crianças indefesas

cobradas pelo resto da vida

pela desgraça que lhes foi imposta

como algo muito natural

e o molho pré fabricado

tão gorduroso quando a diarreia bizarra que sai do meu cu

ofendendo as hemorroidas que latejam

transformando o mais simples ato em sofrimentos incalculáveis

E as tormentas que convertem a existência em chicotadas desgraçadas

dolorosas e constantes

como a dor da morte que parece ser maior que tudo

até mesmo que o verdadeiro fim

que pode vir de muitas formas

desde suspiros imperceptíveis

até agonias infinitas

ou o pulmão apodrecido pelo cigarro da propaganda que mostrava um cara escalando uma montanha

e a felicidade carcomida que cai em grãos 

como a ferrugem ou a erosão

Não vendo sentido no discurso puro e cadavérico

que acomoda e imobiliza

tentando vender a bondade e o amor como algo próprio de uma natureza fria e cruel

fazendo o apresentador de domingo soltar uma gargalhada hipócrita, mentirosa, calamitosa


Estamos sozinhos em nossas tormentas incalculáveis

Estamos representando absurdos incentivados

Estamos mesmo não estando

 Somos seres inflamáveis (em todos os sentidos)


Por uma criatura hedionda 

para a Editora Merda na Mão

*Sem exemplo ou sentimentos nobres

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Lembrando e relembrando no LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER

 Toda terça, 21:30, tem reprise do ALELUIA NUNCA MAIS, na RÁDIO ROTA 220

Uma ótima oportunidade para quem ouviu o programa poder viajar novamente nessa onda 

e para quem não ouviu na época e pode conhecer agora, 

do jeitinho que foi ao ar pela primeira vez

Para todos aqueles que desejam o antídoto para estes tempos de tédio e depressão, monotonia fatídica,

onde tudo é tão limpinho, cordial, aceitável e aprisionado em suas confortáveis caixinhas

 ALELUIA NUNCA MAIS - A trilha sonora do fim do undo



segunda-feira, 18 de novembro de 2024

CHUVAS TARDIAS


 

É quando não vens que de ti sinto saudade,
como jardins desfolhados sem flores coloridas.
Lembro-me; e à lembrança cores surtidas…
quando juntos nos beijámos em cumplicidade!


Mas se os beijos andam arredios e foge a idade,
como a falta de nós, se as graças são sentidas?
Mas se a audácia – e eram terras prometidas -
se converteu em indelicada e notória inverdade,


como o amor ainda aqui, se vivemos em pecado?
Em loas as guitarras choram o entristecido fado…
E são só chuvas tardias, em terras de ninguém!



Em posição de rejeição mostraste-te alguém
incapaz - coração ímpio de ódio trespassado -
de ser amada, quem sempre viveu a teu lado.

Jorge Humberto
17/11/24


* Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia.

Enviado por Samuel da Costa

Entre em contato e faça parte de sua lista negra

samueldeitajai@yahoo.com.br
















Editora Merda na Mão repassa:

 NOTA CONJUNTA DA APROPUC / AFAPUC

 

As Associações de Professores e de Funcionários da PUC-SP (APROPUC-SP e AFAPUC) vêm a público demonstrar sua indignação pelas falas racistas e aporofóbicas proferidas por um pequeno grupo estudantes do curso de Direito da PUC-SP contra estudantes da USP, durante os Jogos Jurídicos em Americana, no último sábado (16/11).

Tais atitudes são incompatíveis com a formação crítica, inclusiva e humanística, adotada desde as origens de nossa instituição até hoje.

As Associações APROPUC-SP e AFAPUC defendem uma universidade plural, sem preconceitos, onde o respeito pela diversidade seja norteador na formação dos estudantes.

É imprescindível que esses estudantes sejam exemplarmente responsabilizados e punidos pelos atos inadmissíveis que cometeram. Esperamos da PUC-SP uma resposta rápida e contundente.

 

DIRETORIA DA APROPUC-SP

DIRETORIA DA AFAPUC

domingo, 17 de novembro de 2024

Novo atentado totalmente encatarrado pelo primeiro e único projeto de Noise Experimental Performático Poético deste sistema solar está a caminho

 War Brain – Fusão Periféria:

- Fabio da Silva Barbosa explana sobre a ideia

Inicialmente Fusão Periférica seria um artefato onde algumas pessoas se juntariam para fazer um som experimental, fundindo peso e distorção ao RAP. Esta iniciativa surgiu durante o fazer do segundo volume do projeto Ato de Subversão, que acabou também ficando pelo caminho. Pesquisando sons arquivados para um novo Noise Experimental Performático Poético, do War Brain, lembrei que havíamos gravado o início de alguma coisa, antes do Fusão Periférica se dissolver. Panda tinha guardado o material e a partir dele começamos a trabalhar o novo e ruidoso insulto do War Brain. Inserimos um barulho aqui, um teclado ali, um vocal que algum parceiro mandou para contribuir com o War Brain... e a coisa foi tomando forma. O título do som foi para manter acesa a chama da iniciativa para onde Fabio, Panda, Bruno e Daiana haviam feito a base e a concepção... Esses lapsos mentais estão cada vez mais frequentes. Esqueci sobre o que estávamos falando. Lembro que o texto já estava pronto e pensei em alterar algo no final.

Fabio da Silva Barbosa

 

Sobre a produção do esporro:

- Diego El Khouri dá a tinta de como as coisas acontecem nos laboratórios clandestinos da editora.

         A construção sonora do War Brain parte de retalhos de ruídos retirados do ambiente onde eu e o Fabio transitamos. Andando em construções inacabadas, bares barulhentos, descargas enlouquecidas, furadeiras, motores de carros escandalosos, gritos insanos no caos da metrópole necrófila, arrotos e berros... Tudo colhido e devidamente guardado para enfim trabalhar esse produto inicial: a obra prima do Caos.

Fundindo todo esse material orgânico vomitado da cidade com instrumentos convencionais, como baixo, bateria e guitarra que surge o embrião, a essência deste trampo poético experimental chamado War Brain. Qualquer pessoa que for imaginar como se dá a construção desta "viagem anti musical" vai, com certeza, dar com os burros n'água. O singelo programinha que opero é o Inshot, utilizado para editar fotos e vídeos curtos para as redes anti sociais (apesar de utilizarmos também  para editar os vídeos do canal da EMNM e muitas vezes esses vídeos chegam, em alguns casos, a ter mais de hora de duração). Vou editando esse material camada por camada, sobrepondo voz e som, num trabalho minucioso de engenheiro delirante de sons infernais, como se quisesse esfaquear ouvidos inocentes e sacodisse o cérebro dos desavisados. Nenhum ruído é colocado de forma aleatória. Tem toda uma construção consciente, lúcida, porém catártica. A experimentação poética é o núcleo chave deste trampo

Diego El Khouri

 

Vocais:

Danihell Slaughter

Diego El Khouri

Fabio da Silva Barbosa

Pedro

Panda Reis

 

Bateria:

Panda Reis

 

Guitarra:

Bruno Enrico

 

Baixo:

Daiana Velona

 

Teclados e outros ruídos:

Fabio da Silva Barbosa

 

Edição da Base:

Bruno Enrico

 

Edição Final e Defeitos Especiais:

Diego El Khouri


*Em breve 

             na coletânea de fim de ano da NoiseRed

https://noisered.com.br/chamada-para-colaboracao-coletanea-de-natal-noisered/

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Nova logo produzida por Edson Batista, registrando atual etapa do projeto, após passar de power trio para dueto.

Este é um projeto oriundo dos porões da Ruídos Absurdos, o selo esporrístico da Editora Merda na Mão.



Em setembro deste ano, o War Brain detonava a primeira carga de explosivos e espalhava líquido inflamável na pista em sua nova formação, contando apenas com Diego e Fabio, os criadores da EMNM e irresponsáveis pelo caos proliferado pela mesma, além d@s louc@s de plantão sempre convidados para participar aqui e ali.


O registro oficial da primeira fase do projeto:

















Ainda sobre o Bendito seja o Beck

 Material que chegou alta madrugada na redação do 

Editora Merda na Mão Informa:

- Os Estúdios Merda Pura jogam a matéria no ventilador -



Diego El Khouri, um dos idealizadores e irresponsáveis pela EMNM, manda o recado através do papo reto que o curta expõe.

Onde foi isso?
Aqui mesmo, neste planetinha

terça-feira, 12 de novembro de 2024

LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER

 














LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER


 Versos íntimos

Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Psicologia de um Vencido
Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme -- este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
[20:28, 12/11/2024] Fabio: Versos íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
















PARA LEMBRAR QUE

 TODA TERÇA, A PARTIR DAS 21:30,

REPRISE DO ALELUIA NUNCA MAIS - A TRILHA SONORA DO FIM DO MUNDO

O PROGRAMA DE RÁDIO DA

EDITORA MERDA NA MÃO 


NA RÁDIO ROTA 220


Mixagem, masterização e azeite de marimbondo
Marcos Favela e seu
Home Estúdio Popular

domingo, 10 de novembro de 2024

Zine BLASFEMO # 3: mais uma insalubre publicação maldita independente da EMNM


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Zine BLASFEMO é um rasgo no meio do tempo. A forma mais iconoclasta de vomitar a realidade.  Um tiro no escuro dessa noite embriagada. O corte e a ferida. A porrada e o delírio. A arte pisando no chão da classe operária.
         Sem dó nem piedade 
Sem 

            Trégua.

Título: Blasfemo, edição nr. 3

Autor: Diego El Khouri 

Formato: 14 x 21 cm 

Páginas: 12

Gênero: Zine

Ano: 2024


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Diego El Khouri, o outsider da galáxia de parnaso, e um dos idealizadores da lisérgica punk Editora Merda na Mão , vomita mais uma obra no submundo da cultura underground


- zine BLASFEMO número 3 vem chutando a porta sem dó nem piedade e atropelando a hipocrisia do status quo dessa sociedade-lixo que insiste em jogar tudo debaixo do tapete.




A proposta do  Blasfemo é que em cada edição a capa fosse PORRADA e que  tivesse suas particularidades visando uma liberdade maior no conteúdo e na forma.

























Nessa edição específica a ideia é que cada página tivesse apenas um desenho e que ele representasse uma história completa. Esse foi o desafio.





Interessados no email editoramerdanamao@yahoo.com 



* Ps: Parte desse zine foi feito durante o expediente, roubando o tempo do trabalho 


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pUbLiCaNdO oS iMpUbLiCáVeIs